Origens do Tarot

fevereiro 27, 2021

A exata origem do Tarot permanece um mistério até hoje, apesar de seus 600 anos de história registrada. Já foi atribuída há vários povos antigos como egípcios, hebreus, ciganos, chineses, hindus mesmo que tenha sido criado para servir a diversão dos nobres.
Uma teoria muito popularizada durante o século XVIII e que chegou até o século XX, foi de que o Tarot surgiu no Egíto, onde seus sacerdotes, ao anteverem a queda da civilização, decidiram criar um meio de perpetuar seus conhecimentos, criando assim, um sistema simbólico e transformando-o num jogo, uma vez que no homem, o vício é mais absorvido que a virtude, garantindo assim sua sobrevivência através dos tempos.
Apesar de haver quem afirme tal fato e, dessas idéias ainda serem disseminadas, principalmente pelas correntes ocultistas, nunca se encontrou qualquer evidência, a nível histórico, que o sustente.
O primeiro registro do aparecimento das cartas, data do final do século XIV e, a partir daí, temos uma evolução simbólica e literária. No início, as cartas só apresentavam imagens, sem qualquer tipo de numeração ou nominação. Só entre 1500 e 1650, começaram a ser vistos alguns Tarots ora com números, ora com nomes. Somente, por volta de 1690, é que o Tarot, em toda a Europa, obtém sua estrutura de 78 cartas.
Ao longo desse período surgiram algumas variações artísticas, com maior ou menor número de cartas e, cuja função era ora lúdica, ora didática. Como alguns exemplos, podemos citar: “Tarot de Mantegna” com 50 cartas; e o “Minchiate Florentinas” com 97 cartas.
No início, o Tarot era um jogo para divertimento dos mais abastados. Mais tarde tornou-se acessível ao povo em geral. Todavia, o Tarot igualmente representa uma forma de instrução, apresentando uma função pedagógica. Como exemplo, podemos citar o “Tarot Geográfico”, que continha imagens de países, continentes e cidades do mundo, com informações a seu respeito; também o “Tarot de Mantegna” que continha em sua iconografia, figuras que simbolizavam as classes sociais, os planetas do sistema solar, mitologia greco-romana etc.

Tarô de Mantegna
 

Nos seus primeiros anos, os Tarots representavam verdadeiras obras de arte: pintados a mão por encomenda, a artistas famosos, para a nobreza renascentista. Somente depois da evolução das técnicas de impressão, que chegou ao alcance de toda a população.
A denominação do Tarot, do mesmo modo, apresentou evolução: no final do século XIV, era chamado de “ludus cartarum”; entre 1400 e 1450, foi denominado “naibis”; entre 1450 e 1590 foi classificado como “Tarotcco” ou “Tarotchino”; e finamente, em 1592, nasce a palavra Tarô, com a fundação de uma associação de artesãos franceses. Sua etimologia é desconhecida, apesar de alguns místicos a traduzirem como “caminho real”, seguindo as idéias de Antoine Court de Gebelin Tar – caminho ot: real, traduzido do egípcio antigo (teoria essa, que mais tarde, verificou-se equivocada).
Outra hipótese sustentada, é que o termo Tarot deriva de uma modificação da palavra “tarotée”, que corresponde a um padrão de riscas, que serve de decoração para a parte traseira das cartas, como vemos, hoje em dia, no Tarô Rider-Waite, por exemplo.
Em torno de 1450 a 1850, de trunfos ou triunfos. Apenas no século XIX que passam a ser denominadas Arcanos, termo que significa “segredo, mistério”, e que foi atribuído pelos ocultistas da época.
Além de sua função oracular e de autoconhecimento, o Tarot foi e é, até hoje, utilizado como um jogo, de forma lúdica, havendo, inclusive, campeonatos na França. Seu valor esotérico só é reconhecido a partir de 1775, através de Antoine Court de Gebelin. Antes disso, nenhum ocultista ou mago, deixou qualquer registro a cerca das cartas ou estudos feitos sobre elas, na ótica esotérica.

As mulheres, há tempos, já utilizavam o Tarot como oráculo e, numa sociedade e num período misógino, o Tarô era visto como “um entretenimento de mulheres” e por isso, sem grande valor, tornando sua arte, a princípio, feminina. Somente a partir do século XIX, os grandes ocultistas começaram, de fato, a estudá-lo.
Em 1775, com Gebelin, através de sua busca pela língua primeva (dos primeiros tempos) e a origem de todas as mitologias, foi atribuída ao Tarot uma origem egípcia. O próprio Gebelin utilizou seus símbolos para decifrar os hieróglifos do Egito e, escreveu a “Obra Le Monde Primitiv”. Com toda essa carga “mágica” em sua origem, o cartomante parisiense Alliette (1783), mais conhecido como Etteilla, desenvolve o potencial oracular do Tarot: recria-o, alterando a ordem de suas cartas e atribuindo sua origem de acordo com suas idéias. Escreve livros a cerca do Tarot como forma oracular, ministra cursos e faz fama.
Também é ele, quem institui as famosas “cartas invertidas”. Por volta de 1854, Eliphas Levi desenvolve sua teoria sobre o Tarô e o conecta com a Cabala e os 22 caminhos da Árvore da Vida. A seguir, em 1888, o ocultista da Golden Dawn (ordem mística inglesa, que teve como membros alguns dos mais famosos magos, tais como Edward Waite e Aleister Crowley), Mc Gregor Mathers, introduz o Tarot na ordem, como forma de estudo e meditação para ascender em sua hierarquia. Papus, outro grande ocultista, escreve teorias atribuindo sua origem aos Ciganos e, por fim, Edward Waite, colega de Mathers, em 1910, cria o primeiro Tarô estilizado, de desenhos com nova expressão artística, quebrando o padrão medieval-renascentista de seus desenhos e atribui imagens arquetípicas aos arcanos menores.
No século XX, as teorias de Carl Jung modificam o olhar sobre as cartas de Tarô, bem como os oráculos em geral, através de uma abordagem simbológica e não mística e ocultista, criando assim, uma nova forma de observar que há um paralelo, em relação à visão ocultista. Os arcanos passam a ser entendidos como símbolos representantes do comportamento humano. Ao mesmo tempo, o baralho é mundialmente absorvido por várias culturas e se torna acessível a todos.

 Por Alexsander Lepletier

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